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O Estado Islâmico e o Mundo

Erick Mancilla 22/04/2015

 

Apresento-vos o Estado que conseguiu mais atenção que a crise econômica mundial, conseguiu ser mais odiado que a Argentina pelos brasileiros, que faz com que pacifistas peçam intervenção militar em sua região. Não obstante, que faz com que milhares de sírios saiam de suas casas e venham para o Brasil tentar nova vida, que faz com que jovens do mundo todo queiram se unir a ele.

Esse é também o Estado que só se compara ao Estados Unidos e a Alemanha Nazista em número de civis inocentes mortos. Esse é o famoso ISIS, OEA, IS, EA, Estado Islâmico do Iraque e Levante ou simplesmente, Estado Islâmico.

 

Da onde vieram? O que querem? E aonde vão? É mais do que uma jargão de chamada do Globo Repórter, são as perguntas feitas por milhares de analistas, generais, políticos, historiadores, economistas, diplomatas ou simplesmente uma dona de casa ou um executivo que não entendem porque essas pessoas de preto estão matando tanta gente, aparentemente inocentes, degoladas. As respostas não são simples, mas são as nossas metas. Pois para cuidar de um problema é preciso entendê-lo.

 

Se perguntarem, “Você ‘odeia’ o Estado Islâmico?” Responderia honestamente que não. Não ando por ai cantando seu hino e creio que ninguém (exceto eles) simpatize com as mortes horríveis que veem ocorrendo, mas, sinceramente, não os odeio. Citando Mano Brown "A maioria se deixou envolver, puro cinco ou seis que não tem nada a perder", claro que lidamos com mais de cinco ou seis bandidos, talvez sejam milhões - contudo essa é uma questão que até a NSA quer descobrir.

 

Acredito que a maioria dos envolvidos nesse cenário de guerra, ódio, preconceito, foram arrebatados por uma promessa de um Estado de paz, conservador como nos "bons tempos" que tanto se fala, não é difícil entender. No caso deles, esse tempo remete a um tipo de governo que retorna ao século VIII, o califado – no entendimento dos adeptos do ISIS, o que faz um bom tempo que não há bons anos por lá. Se fosse para odiar alguém, odiaria a organização que compra o petróleo deles, que os financia. Odiaria o político que é muito orgulhoso para deixar as Nações Unidas ajudarem os que precisam nesta região (que neste caso, chega a ser três quartos da população da Síria, de acordo com Ban Ki Mun). Odiaria a pessoa que a princípio armou todas essas organizações terroristas para se reeleger e se parecer com o pai.

 

O que eles querem é um mundo servindo ao seu califa, Abu Bakr al-Baghdadi. E não é um modo de falar, eles literalmente almejam dominar todo o mundo. Para ser mais preciso eles fizeram até um plano de metas: almejam ir do Paquistão à Portugal, passando por todo norte da África, tudo isso em apenas nos próximos cinco anos. Percebe-se, além de sonhar grande eles não são humildes. Felizmente, o que vemos hoje é uma séries de derrotas do ISIS frente ao exército iraquiano e as milícias xiitas iranianas, mas esse assunto será tratado depois.

 

Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band, uma vez me disse numa palestra, que tudo tinha uma explicação, se você perguntasse para o Jack Estripador porque ele tinha matado tanta gente provavelmente ele daria a versão dele, assim como teria uma explicação para o Ricardo ter nascido na Argentina? Bom, essa explicação eu nunca ouvi. Porém a explicação do Estado Islâmico está nos livros (explicar não significa justificar) de História, ou talvez de Geografia.

 

Como quase todos os confrontos dos últimos tempos, tudo começa quando um belo país chamado Estados Unidos da América decidiu exercer seu Hard Power (poder pela força) em sua política internacional, principalmente para interromper o avanço da sua rival, a URSS, no Oriente Médio. Visando essa política, os EUA decidiram treinar e apoiar grupos de extrema direita - afinal, no socialismo, religiões não têm muitas chances – teoricamente, tornar-se-iam aliados poderosos em uma região tão problemática. Um golpe de estado foi dado e um ditador assume o controle do Governo. O nome desse ditador era Saddam Hussein. Bom, já se sabe que o plano não deu muito certo no final. Contudo, o jogo começou favorecendo ao Tio San, a troop de Houssein impediu avanços militares e ideológicos da URSS no Iraque, o preço, porém, se provará muito alto.

 

Encurtando a história e pulando algumas guerras e intervenções, Saddam Hussein foi deposto, pelos mesmos aliados que financiaram sua ascensão, e morto por ele aliás (lembro quando minha mãe dizia-me que ela tinha me posto no mundo e podia muito bem me tirar dele). O resultado dessa operação, foi uma série de governos provisórios ineficientes, que fomentaram as divisões sociais e religiosas da região, criando milícias que depois se tornariam organizações terroristas como a própria Al-Qaeda. A organização que se tornaria famosa pelos acontecimentos de 11 de setembro de 2001. Surgiram sub organizações que acreditavam que a Al-Qaeda estava no caminho errado, diziam ela estava sendo muito sutil. Logo, depois de muitas brigas e discussões, os eventuais fundadores do IS foram expulsos da Al-Qaeda por serem muito extremistas, sim isso é possível, não à toa realmente ocorreu.

 

Desse modo, aproveitando-se do armamento e pelo caos deixado pelos Estados Unidos, a OEA começou a controlar cidades no Iraque e atrair súditos para sua causa, e assim foram até chegar a 10 km da capital da Síria, que já vivia uma guerra civil. Desses fatos conclui-se, se o Estado Islâmico derivou de uma intervenção militar, logo, uma nova intervenção militar pode piorar ainda mais as coisas, então, deve haver algum jeito de acabar com essa organização terrorista? A resposta é não. Não se pode exterminar essa organização terrorista porque o IS não é uma organização terrorista, ao menos não uma usual. Enquanto tratarmos o Estado Islâmico como um simples ramo da Al-Qaeda ele continuará a se fortalecer, agora se a tratarmos como um Estado violento tanto militarmente como ideologicamente, os Estados da região e seus aliados terão a força e o dever de investir contra o esse Estado extremista.

 

As previsões sobre o fim do Estado Islâmico não são otimistas, mesmo com perdas de cidades relevantes no Iraque para o exército iraquiano e milícias iranianas. Os constantes avanços sobre a Síria preocupam, mas vale também reconhecer o papel importante que as milícias curdas estão tendo nesse conflito. Curdos que sempre foram ignorados pela comunidade internacional e regional, hoje se tornaram uma chave importante para a segurança da região, e não há dúvidas que irão sair desse conflito com grande influência e podem até tentar formar legalmente seu próprio Estado. Claro que entramos no campo da especulação, mas é nesse campo em que podemos fazer alternativas para o fim do ISIS, como uma crise interna, já que ele já mostra sinais de que a organização interna está longe do mínimo para um Estado propriamente dito. A possibilidade de uma intervenção militar internacional também ronda o debate, o envio de drones tem sido relativamente eficaz, porém uma intervenção feita pela OTAN mostraria resultados melhores e mais rapidamente. Ainda temos a proposta da presidente Dilma Roussef de iniciar um diálogo com o ES, eu apoio o plano contanto que ela mesma faça esse contato.

 

Não há dúvidas que o Estado Islâmico irá acabar, seja daqui a anos por conflitos militares, em décadas por enfraquecimento interno, pela extinção do Sol no nosso sistema solar ou pelo constante avanço do esfriamento do nosso universo (De 30 bilhões de anos não passam!). A dúvida é quanto tempo vai levar e quantas vítimas inocentes serão prejudicadas por essa espera.

 

Espero que tudo isso acabe rápido também que mais textos de cunho semelhante a esse, que visem marginalizar o profundo debate sobre um tema tão delicado, possa virar conhecimento popular, a arma mais poderosa contra qualquer tipo de organização terrorista no mundo.

© Releitura 2015. Orgulhosamente criado com Wix.com

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